Foto de um homem e uma mulher juntos. A mulher coloca uma das mãos na boca do homem.

Você desempenha papel de mãe do seu companheiro?

Você já se percebeu em alguma situação em que exerceu o papel de mãe de seu companheiro?

Isso é mais comum do que parece. Fazemos isso consciente e inconscientemente.

Certa vez, durante um atendimento a um casal, a esposa mencionou de forma natural que precisavam voltar às pressas para casa porque ainda precisava arrumar as malas do marido para uma viagem a trabalho que ele faria naquele dia mais tarde.

Questionei se ele não sabia arrumar uma mala, mas ele nem chegou a responder. Logo foi atropelado verbalmente pela esposa que mencionou que “ela sempre cuidou disso para ele e que não se incomodava, pois era uma forma de mimá-lo”.

No decorrer do processo, eles compreenderam o quanto maternar o marido era prejudicial ao relacionamento. Ele se sentia subestimado em sua capacidade enquanto adulto pela esposa, já que ela não abria espaço dele exercer a autonomia em fazer da sua forma sem que fosse repreendido e julgado. Dessa maneira, para não entrar em conflito, aceitava os seus “mimos”. O silêncio dele e a necessidade dela de preencher, entregar, gerou uma desconexão deles enquanto homem e mulher.

Penso que nós, mulheres, socialmente somos estimuladas a cuidar. Até bem pouco tempo não era entregue a possibilidade das mulheres nem ao menos se questionarem se queriam ou não adquirir o papel de mãe. O papel mais incentivado nas mulheres desde a infância é o papel de mãe. Ainda hoje, em muitas famílias, as meninas ganham bonecas e são estimuladas a cuidar – trocar suas roupinhas, fraldas, fazê-las dormir e alimentá-las.

Na construção desse referencial do cuidar por meio da maternidade, é muito comum a mulher, no papel de esposa, assumir esse referencial e cuidar do marido enquanto mãe e não mulher.

Na compreensão de que as relações são complementares, se uma mulher assume o papel de mãe na relação conjugal, provavelmente está com um homem que precisa de uma mulher que o trate como filho – talvez por uma carência afetiva materna. Existe uma dinâmica psíquica individual que reflete entre o casal.

Comportamentos para prestar atenção 

Se essa dinâmica está boa para ambos, e de comum acordo, não existem motivos para mudar, concorda?

Se a dinâmica está pesada para você assumir esse papel, sentindo-se frustrada em suas necessidades, expectativas e percebendo que a relação precisa mudar, fique atenta aos 4 comportamentos que listei abaixo e que você pode estar replicando em sua relação.

1) Refazer tarefas

Quem nunca foi tentada a refazer ou já refez um trabalho mal feito pelo marido?

Atendia um casal em que a esposa refazia a tarefa de lavar os banheiros que o marido desempenhava.

Sim, a maioria das mulheres apenas refaz a tarefa ao invés de criticar o trabalho. Isso acontece porque muitas mulheres pensam que já valeu a tentativa ou por pensar que o homem não é tão capaz quanto a mulher, caso do exemplo acima.

Por mais difícil que seja, não refaça a tarefa. Se você fizer isso, ele nunca saberá que errou e muito menos entenderá as consequências de um trabalho mal feito.

Lembre-se: ele é adulto! Imaginamos que seja capaz de pensar em suas atitudes e decidir por si mesmo, assumindo as consequências do que faz, como faz ou deixa de fazer.

 2) Fazer por ele

Já escutei de muitas mulheres: “Desço o lixo, pois se eu não faço, ele não faz!”; “Faço as compras, pois se for por ele, não temos comida em casa”;“Limpo a casa, caso contrário vivemos na sujeira!”.

Essa situação ainda é mais desafiadora do que a de cima, já que aqui lidamos com um adulto que nem tem a iniciativa de fazer.

Minha pergunta para você é: “Você já tentou deixar de fazer? Será que em algum momento o fato de você não fazer o incomodaria?

Mulheres têm o hábito de preencher, de serem tarefeiras, e somos competentes nisso. Desempenhamos muitas coisas ao mesmo tempo – porém a um custo muito alto. Entendo que é difícil sair desse lugar, mas só provocamos o incômodo no outro por meio do vazio, da falta. Pense e tente isso na relação com seu marido.

3) Repreender

Atendi um casal em que a esposa era tão severa e rígida que não validava as ações do marido e o repreendia o tempo todo. Havia um parâmetro de comparação com a forma que ela desempenhava as funções, tarefas, em um grau de exigência altíssimo. Por mais que o marido fizesse, nunca era o suficiente.

Corrigir o marido sempre que ele tem uma atitude que você não concorda, ou que não é da forma que você teria, demonstra que você está agindo como se ele fosse uma criança incapaz de fazer escolhas assertivas, o subestimando enquanto adulto. Isso contribui para um relacionamento imaturo.

4) Nomear o que ele está sentindo o tempo todo

Um dos aspectos em que somos mais estimuladas do que os homens é, sem dúvidas, é nomear o que sentimos e falar sobre sentimentos. Acessamos mais facilmente a subjetividade, o mundo simbólico.

Por isso, no intuito de cuidar, muitas vezes super protegemos nosso marido nomeando o que está sentindo, não permitindo com que fique no vazio, na angústia, para que amadureça emocionalmente.

Entregar esse cuidado quando solicitado, no papel da mulher é uma contribuição, mas entregá-lo na superproteção ao se fazer a uma criança, que necessita disso como base para se estruturar emocionalmente, é diferente. Seu marido é adulto, lembra?

Caso tenha se identificado com algum comportamento, não se desespere! A consciência é o primeiro passo. É possível sim reverter e transformar uma relação conjugal estabelecida no papel mãe-filho em homem-mulher. O caminho é desafiador, mas os benefícios de ter uma relação saudável superam a caminhada, trazendo um outro nível de intimidade no relacionamento.

Vamos conversar? Se quiser entrar em contato comigo, mande uma mensagem!

Arte com duas fotos. Uma ao fundo de uma mulher negra sentada, com as mãos no rosto. E outra foto com recorto dos olhos dela. Em destaque, a palavra "Traição" na cor verde. Na parte inferior, há o logotipo da Daniella Gonçalves.

A traição pode ser um sinal da necessidade de mudança na relação?

Em algum momento da sua vida você já traiu, descobriu uma traição ou tem medo de passar por qualquer uma dessas duas situações?

Essa queixa, ao longo da minha prática clínica no atendimento a casais, fica entre as primeiras das Top 10.

Entendo que toda sombra está a serviço de revelar a verdade que está oculta pelo inconsciente.

Nesse contexto, a traição é a sombra da relação que está no inconsciente tanto individual quanto das pessoas envolvidas no relacionamento.

O meu intuito aqui é ampliar um olhar sobre um casal consciente dessa dinâmica que queira dialogar sobre os motivos individuais que reverberam na relação para que essa sombra seja compreendida.Tudo isso sem qualquer julgamento em relação aos motivos e contextos (já que são diversos) dessa traição ocorrer.

Toda sombra gera dor e sofrimento. Sempre digo que o outro não tem responsabilidade de como eu me sinto, mas a partir de uma ação, de uma escolha consciente ou inconsciente que fizer, ele tem a responsabilidade sobre as consequências que provoca em meu sentir.

O que quero dizer com isso é que tanto a pessoa traída quanto quem traiu precisam assumir a parte de responsabilidade que cabe a cada um na sombra que se materializou em forma de traição. Eu sei que esse assunto gera muita polêmica, mas é importante conversarmos sobre isso.

A sombra é, geralmente, a ponta do iceberg. Ela é o que está aparente, mas sempre há mais, muito mais nas profundezas. Muitas informações podem surgir por meio da abertura para uma investigação terapêutica: insatisfações e necessidades individuais não compartilhadas e correspondidas, falta de empatia, medo de propor outro tipo de contrato de relação, falha, ausência de comunicação, passam a ser um “casal de pais” sem espaço para a nutrição do “nós”, etc.

Há outra questão também: muitas pessoas mudam seus quereres, sonhos, prazeres, desejos ao longo da vida e esquecem de atualizá-los na relação.

Somos seres individuais antes do coletivo. Por isso o autoconhecimento é tão importante! A partir daquilo que sei e conheço sobre mim, eu passo a atuar menos em minhas sombras e, consequentemente, mais VERDADE eu vivo nas relações que estabeleço comigo e com outras pessoas.

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