Sexualidade e Adolescência – Desafios aos Pais

Pais e filhos adolescentes, o desafio de criar uma relação empática, de acolhimento, para que a sexualidade seja contextualizada

Quando as glândulas sexuais, ou seja, ovários e testículos se desenvolvem, começam a liberar os hormônios sexuais: estrógeno, progesterona e testosterona, responsáveis por dar as características físicas secundárias da puberdade, como por exemplo, o afinamento da cintura nas meninas e engrossamento da voz nos meninos.

Embora a sexualidade esteja presente desde a fase fetal do indivíduo, é na puberdade por volta dos 11, 12 anos que ela aflora. E nem sempre a maturidade física vem acompanhada da psicológica. Isso faz com que o adolescente se coloque em situações de risco e exposição, como uma gravidez indesejada, contato com doenças sexualmente transmissíveis, experiências sexuais ruins e até situações de abuso sexual ou violência.

E mesmo sabendo desses riscos, e preocupados com eles, muitos pais se sentem tolhidos e melindrados em abordar o tema sexualidade com os filhos e falar abertamente sobre sexo.

Por que a sexualidade dos filhos, é para a maioria dos pais tão desafiadora?

  • Sexo ainda é considerado tabu por muitos.
  • Negação de que o filho é um ser “sexuado”, dotado de desejos, necessidade de satisfação sexual e prazer.
  • Abordar sobre sexo vai de encontro com a própria sexualidade dos pais, ou seja, como estão com a deles? Como foram educados pelos seus pais e quais as crenças que foram passadas a eles?

Estudos apontam que a primeira relação sexual da geração atual ocorre em 50% dos casos, aos 15 anos de idade sendo que, em populações de baixa renda a idade cai para 12… 13 anos.

O sexo vai acontecer, de uma forma ou de outra, independente de suas negações, dificuldades e bloqueios em abordar o assunto com seus filhos!

Por isso é de fundamental importância criar um espaço de diálogo, com afeto, acolhimento e empatia para que seu filho se sinta confortável e confiável em buscar informações, abrir questionamentos e compartilhar sentimentos com você.

A construção desse espaço vai além do “use camisinha”, “se previna contra doenças sexualmente transmissíveis e gravidez”, “se você engravidar vai se ver comigo”!

Essa geração não obedece pelo medo, ela responde pela consciência e sentido (sentir) que a informação chega. E responde positiva ou negativamente.

Você vai correr o risco dele encontrar acolhimento de seus sentimentos, aflições e dúvidas naquilo que vem de fora? Amigos, internet, mídias sociais, Youtubers?

Nesse espaço, a sexualidade é abordada de forma natural, criando condições para que o adolescente compreenda que é importante descobrir e explorar seu corpo, que o auto toque, a exploração sensorial, a masturbação (em um ambiente privado) fazem parte das descobertas individuais.

É muito importante incentiva-lo a se apropriar de sua sexualidade para então, com mais maturidade emocional, saber qual é o momento de compartilha-la em uma relação sexual.

Falar sobre sexualidade exige exercitar a tolerância, o acolhimento ao outro e o olhar para si mesmo.

Seu filho precisa de você, como precisou e precisará em outros momentos da vida, a adolescência é somente mais uma fase do desenvolvimento e etapa que passará. Por isso, caso não se sinta confortável com o tema, peça ajuda a um especialista. Reconhecer que possui dificuldades não é sinal de fraqueza, mas sim de coragem! Os ganhos tanto para você quanto para seu filho serão imensos!

Finalizo esse texto com uma citação do educador Paulo Freire (1921-1997): “A sexualidade, enquanto possibilidade e caminho de alongamento de nós mesmos, de produção de vida e existência, de gozo e boniteza, exige busca de saber de nosso corpo. Não podemos viver autenticamente, no mundo e com o mundo, se nos fechamos medrosos e hipócritas aos mistérios de nosso corpo ou se os tratamos cínica e irresponsavelmente”.

Abraço carinhoso,

Daniella Gonçalves

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